Militância Ambiental

 
 
Dessa maneira, considerando a maior visibilidade na literatura acadêmica acerca da discussão entre juventude e meio ambiente, a partir da Lei Nº 12.852, de 5 de agosto de 20132, o estudo pretendeu compreender como os jovens, imersos em questões ambientalistas e dotados de processos de socialização, atuam, intervêm e constroem seus percursos de militantes engajados em movimentos, grupos, coletivos e organizações ambientalistas.JCNETMENU Geral Militância ambiental perde força Enfraquecimento é justificado pela redução no repasse de recursos públicos e pela falta de reposição de novos ativistas voluntários à causa por Tisa Moraes 25/06/2014 - 07h00 A força do ativismo ambiental em Bauru já não é mais a mesma. Depois de anos desempenhando um papel importante para a recuperação de áreas degradadas e para o combate ao desmatamento de locais preservados, as organizações de defesa do meio ambiente sofreram um esvaziamento que provocou redução das atividades em Bauru. A situação é reconhecida pelos próprios ativistas remanescentes, que esperam que o movimento possa sobreviver, até mesmo por meio da inserção de seus membros na política. Entre os motivos apontados para o atual enfraquecimento do ambientalismo na cidade, está a redução no repasse de recursos públicos ao longo dos últimos anos e a saída de importantes cabeças pensantes da militância local. “Muitos foram aprovados em concursos públicos em outras cidades, outros seguiram carreiras políticas, e não houve formação de novos nomes”, comenta o militante Leandro Tessari, membro do conselho Fiscal da ONG SOS Cerrado e secretário executivo do Instituto Ambiental Vidágua. Com longo histórico de ativismo ambiental, o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) avalia que a própria inclusão da causa nas políticas públicas das três esferas de governo colaborou. “Até os anos 1990, eram desenvolvidas poucas ações. Mas, com o tempo, cresceram as estruturas na área ambiental pública e entidades acabaram perdendo a força”, pondera. Recursos E, por consequência, elas perderam, também, recursos, conforme destaca o ambientalista e presidente do Partido Verde em Bauru, Clodoaldo Gazzetta. “O governo fechou as torneiras. Por conta dessa restrição financeira, todas as ONGs que necessitavam desses recursos, principalmente as pequenas, começaram a enfrentar dificuldades para manter suas atividades”, pondera. Para ele, as mudanças recentes no Código Florestal implementadas pelo Congresso Nacional, “que foram um decepção para o movimento ambientalista”, também provocaram desmotivação entre os ativistas. Além da dificuldade de atrair novos voluntários, muitos militantes que atuavam em ONGs migraram para a política, como estratégia para tentar viabilizar os anseios do movimento por outros meios. “Tenho amigos que sempre tiveram aversão à política e que começaram a se lançar candidatos em várias partes do Brasil para tomar esse poder, que foi perdido com as decisões do Congresso Nacional nos últimos dois anos”, pontua. A análise é compartilhada pelo prefeito. Além de se candidatarem a cargos eletivos, muitos militantes deixaram as ONGs para assumir funções dentro dos governos, que também passaram a incluir a agenda ambiental dentro de suas ações, inclusive, com a criação de secretarias específicas. Fórum Pró-Batalha segue inativo Entre suas atividades, o Fórum Pró-Batalha foi responsável pelo plantio de mais de 2 milhões de mudas que conseguiram recuperar as margens do rio Batalha. Promovida em parceria com o Departamento de Água e Esgoto (DAE), a iniciativa foi fundamental para garantir que o manancial continuasse com capacidade para abastecer quase 40% das residências de Bauru. Mas, atualmente, o Fórum está inativo. Sem projetos aprovados no último ano, não conseguiu receber um centavo sequer do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos. Prestes a completar 20 anos de existência, o Instituto Ambiental Vidágua perdeu, ao longo do tempo, ativistas importantes. Também deixou de receber recursos do convênio com a Fundação SOS Mata Atlântica. Entre os estudos importantes elaborados pelo instituto, estão o “Cílios do Ribeira”, “Estratégias para Conservação do Cerrado Paulista” e o “Plano Estratégico de Avaliação da Situação Ambiental das Áreas de Preservação Permanente (APPs) das Bacias Hidrográficas dos rios Tietê-Jacaré e Tietê-Batalha”. Atualmente, ainda desenvolve projetos financiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente e pelos Comitês de Bacias Hidrográficas, mas, com poucos voluntários e líderes pensantes, também perdeu sua força. Já a ONG SOS Cerrado, que tinha a função de fiscalizar e denunciar aos órgãos competentes a existência de áreas irregularmente desmatadas em Bauru, já planeja mudar seu foco de atuação. “Começamos a ter dificuldades para fazer as patrulhas ecológicas, por falta de gente”, reconhece Leandro Tessari. Atualmente, a entidade conta com cerca de oito membros. O plano para um futuro breve, segundo ele, é desenvolver um projeto de educação ambiental. Em defesa dos animais Militante ambiental, Leandro Tessari comenta que, diferentemente do ativismo em prol da preservação da mata nativa, o debate sobre a causa animal – especificamente a de animais domesticados – vem ganhando força entre as organizações não governamentais. Entre as discussões prementes, está a pressão para que uma política pública de castração seja instituída, bem como a regularização do comércio de bichos domésticos e o cadastramento de carroceiros, que utilizam veículos de tração animal. “Seria uma forma de controlar um pouco mais a criação destes animais e, assim, reduzir os casos de maus-tratos. Até porque muitos avanços já foram dados quanto à legislação ambiental, hoje a causa animal está mais em evidência”, pondera.